A elaboração da folha de pagamento para empregadas domésticas muitas vezes gera dúvidas entre os empregadores, especialmente quando falamos sobre o cumprimento de encargos trabalhistas e previdenciários. A Lei Complementar nº 150/2015, conhecida como Lei das Domésticas, trouxe uma série de direitos e deveres para essa categoria, envolvendo questões como férias, 13º salário, INSS, FGTS e até mesmo a formalização do contrato de trabalho no eSocial.
Com isso, surgem perguntas sobre como calcular corretamente o salário, quais alíquotas aplicar, de que forma recolher cada imposto e como manter tudo registrado no sistema do governo federal. Neste artigo, vamos explicar por que é tão importante entender em detalhes cada componente da folha, além de fornecer exemplos práticos de situações do dia a dia que podem afetar a remuneração e o cumprimento das obrigações legais.
Ao longo da leitura, você verá como se proteger de eventuais multas, evitar passivos trabalhistas e manter um relacionamento transparente com a profissional que trabalha em sua residência.
O que são encargos trabalhistas e previdenciários no emprego doméstico?
Os encargos trabalhistas e previdenciários englobam todos os valores adicionais que, somados ao salário, permitem o cumprimento dos direitos previstos em lei. A Lei Complementar nº 150/2015 consolidou diversos pontos importantes para a categoria, tornando obrigatórios benefícios como o recolhimento do FGTS, que anteriormente não era compulsório para o empregado doméstico.
Dessa forma, hoje o empregador deve observar não somente o salário-base da funcionária, mas também os percentuais de INSS, de Fundo de Garantia, o pagamento de possíveis horas extras, o adicional noturno e os demais valores que compõem a remuneração total.
Por exemplo, se a empregada doméstica trabalhou duas horas além do horário normal de forma contínua em determinado dia, essa quantidade de horas excedentes deverá ser calculada com o adicional mínimo de 50%, que pode variar conforme convenções coletivas. Esses encargos são diretamente relacionados à proteção social e previdenciária dos trabalhadores, garantindo benefícios como aposentadoria e auxílio-doença em casos de afastamento.
Além disso, ao cumprir corretamente com essas obrigações, o empregador fica em conformidade com as regras do eSocial Doméstico, podendo gerar a guia de recolhimento (DAE) no eSocial Doméstico.
Principais itens na folha de pagamento doméstica
Entre os principais itens que devem compor a folha de pagamento, destaca-se o salário-base, valor combinado entre as partes, que não pode ser inferior ao salário-mínimo ou ao piso regional (se houver). A este salário, podem se somar valores de horas extras, quando a doméstica trabalha além da carga horária estipulada. Também é preciso considerar o adicional noturno, caso a doméstica trabalhe entre 22h e 5h.
Um exemplo muito comum ocorre quando a família precisa que a profissional acompanhe a rotina de viagens, seja para cuidar de crianças ou idosos. Nesses casos, a remuneração deve abranger o período integral em que a empregada fica à disposição, incluindo deslocamentos e horários estendidos. Além disso, devem constar os descontos relativos à contribuição previdenciária (INSS), cujo valor varia de acordo com a faixa salarial, e o recolhimento do FGTS, que corresponde a 8% do salário. Se houver valores que superem a faixa de isenção, há também a retenção de Imposto de Renda na Fonte (IRRF).
De modo complementar, em muitos casos, aplica-se o vale-transporte, com desconto de até 6% do salário, ou algum benefício negociado individualmente, como assistência médica. Por fim, não podemos deixar de lado as rubricas referentes à provisão de férias e 13º salário, que devem ser computadas anualmente, conforme estipulado pela Lei Complementar nº 150/2015.
Responsabilidades do empregador no eSocial Doméstico
A responsabilidade do empregador no eSocial vai muito além de simplesmente pagar a remuneração. É necessário, por exemplo, manter os dados cadastrais atualizados, incluindo nome completo, CPF, data de admissão e cargo. Também é necessário registrar corretamente cada evento, como horas extras, faltas ou afastamentos. Caso a empregada precise de afastamento médico ou licença-maternidade, tudo isso deve ser informado dentro do prazo estipulado. Além de registrar informações, o empregador precisa gerar mensalmente a Guia DAE, que unifica os encargos de:
- INSS;
- FGTS;
- Imposto de Renda (quando devido) e;
- o seguro contra acidentes de trabalho.
Um exemplo de desatenção que pode causar problemas é não encerrar a folha de pagamento no eSocial antes de emitir a guia, o que pode levar a divergências entre valores declarados e valores efetivamente pagos. Isso, por sua vez, pode gerar multa e a necessidade de retificação de informações. Logo, quanto mais atenção for dada a cada etapa, menor a chance de problemas.
Se ainda houver dúvidas sobre os procedimentos práticos no sistema, é útil consultar artigos específicos, como o nosso artigo Folha de pagamento no eSocial Doméstico, que mostra o passo a passo detalhado e ajuda a evitar inconsistências.
Riscos de não cumprir corretamente a legislação
Deixar de observar a Lei Complementar nº 150/2015 ou de registrar adequadamente os encargos trabalhistas e previdenciários representa um grande risco ao empregador. Uma fiscalização pode resultar em multas altas pela falta de recolhimento de FGTS e INSS, e a profissional pode ingressar com ações trabalhistas solicitando o pagamento retroativo de valores devidos, além de indenizações decorrentes de possíveis danos morais.
Um caso comum de complicação é quando o empregador não registra o pagamento de horas extras e, após algum tempo, a profissional apresenta provas de que trabalhava além da jornada. Nesse cenário, ocorre tanto o passivo trabalhista quanto a falta de contribuição correta ao INSS, o que pode gerar cobranças de débitos previdenciários.
Por isso, ter controle, organização e, principalmente, informação sobre todos os valores envolvidos na folha de pagamento doméstica ajuda manter a segurança jurídica de quem emprega.
Como simplificar a gestão dos encargos trabalhistas
Ainda que pareça uma tarefa complexa, simplificar a gestão dos encargos trabalhistas é possível ao adotar boas práticas, como serviços especializados em gestão de eSocial Doméstico. Especialistas em folha de pagamento podem ajudar com o cadastro inicial da funcionária até a emissão do holerite.
Como resultado, o empregador ganha mais tranquilidade, pois delega a especialistas a responsabilidade de interpretar corretamente a legislação. Para quem busca orientações específicas ou deseja avaliar a viabilidade de contratar um serviço desse tipo, vale a pena conferir nosso material sobre Como gerenciar a folha de pagamento do cuidador de idosos que traz dicas de organização e mostra como o processo é praticamente o mesmo para diversos tipos de trabalhadores domésticos.
Considerações finais sobre a folha de pagamento da empregada doméstica
Como vimos até aqui, cuidar dos encargos trabalhistas e previdenciários na folha de pagamento doméstica é uma forma de garantir a segurança jurídica do empregador e, ao mesmo tempo, proteger os direitos de quem trabalha em sua residência. Seja cumprindo corretamente o recolhimento de FGTS, INSS ou observando as regras de férias e 13º salário previstas na Lei Complementar nº 150/2015, o respeito à legislação evita conflitos e mantém uma relação de confiança entre as partes.
Agora que você já conhece os pontos sobre os valores que compõem a remuneração, a importância de registrá-los no eSocial e alguns exemplos práticos que podem surgir no dia a dia, fica mais simples organizar seu planejamento financeiro e decidir qual estratégia de gestão adotar.
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